No último sábado toquei com o Almah em Araraquara, cidade do interior paulista. Como não encontramos vôo direto de Brasília para Araraquara, fui forçado a fazer um itinerário mega cansativo e corrido.
Basicamente, meu vôo saia de Brasília às sete da manhã de sábado, o que significava que eu teria que estar no aeroporto às seis e acordado pelo menos uns 40 minutos antes disso. Costumo dizer que não tenho problema nenhum em acordar cedo. Até gosto, acordo oito horas numa boa. Até umas sete e meia vai bem... é até bom. Vencida a primeira sensação de que você é um zumbi vem a parte boa que é a de aproveitar o turno matutino, ter um dia mais longo etc, etc, etc. Tudo bem... mas cinco e vinte ? Isso não é horário de gente. Galo, galinha, coruja, um monte de bicho acorda até antes disso e tá tudo certo mas tenho plena convicção que o ser humano não foi feito pra acordar tão cedo. Ainda mais eu, que raramente durmo antes de uma da manhã. Ok, apesar de ter sido um dos últimos a embarcar e de algumas trapalhadas devido ao sono deu tudo certo. Apaguei assim que o avião levantou vôo e apesar de ser difícil um cara da minha altura achar uma posição confortável nessas cadeiras de avião fiquei naquele estado entre o sono e a lucidez até pousar em Guarulhos. Chegando lá, lembrei que eu tinha prometido enviar o horário certo da minha chegada ao Edu para que ele me buscasse no aeroporto. Lembrei também que eu havia esquecido de fazer isso. Não deve ser problema... eu ligo agora e ele vem, afinal, são quase nove da manhã. Ligo duas vezes e cai direto na secretária. E agora? Pensava nisso enquanto empurrava o carrinho com a bagagem pra fora do salão de desembarque. Neste momento, salta aos meus olhos um pequeno outdoor divulgando um serviço que sempre achei que aquele aeroporto deveria ter mas nunca havia visto: Sleeping rooms. Acabei alugando uma dita "cabine" e dormi por uma hora e meia mais ou menos até o Edu me ligar perguntando se eu já tinha chegado. Droga! Podia ter demorado um pouco mais... Combinamos o local e perto de dez e meia ele passou lá e me buscou. Fomos direto para sua casa onde Paulo e Moreira já nos aguardavam e também a van que nos levaria em uma viagem de mais de três horas para Araraquara. Encontramos a equipe técnica que carregou a van com os equipamentos e partimos para Jundiaí onde buscariamos o Felipe. Quando conseguimos chegar a Jundiaí já era quase uma da tarde e todos optaram por passar em um restaurante e almoçar antes de pegar a estrada para nosso destino. Almoçamos ali pertinho e saimos para Araraquara pouco antes das duas da tarde. A viagem durou pouco mais de três horas e chegamos em Araraquara quase cinco da tarde. A passagem de som estava marcada para as cinco e meia, mas como isso SEMPRE atrasa a nossa produtora ficou encarregada de verificar como andava a montagem do palco para dar uma noção mais exata do horário que faríamos o sound check que acabou sendo marcado pras seis da tarde. Saimos do hotel seis e meia e ficamos lá até perto das dez, contando o tempo de montagem e passagem de som. Saindo do local do show atendemos alguns fãs que já se encontravam lá e fomos para uma pizzaria muito boa e aconchegante comer alguma coisa antes de voltar para o hotel para tomar um banho e descansar um pouco. O nosso show estava marcado para meia noite e meia, mas a essa altura do campeonato já sabiamos que antes de uma e meia da manhã não subiriamos ao palco. Chegamos ao hotel lá pelas onze e deu tempo de dormir um pouco até a meia noite e meia quando a produra ligou dizendo que a última banda antes da gente já estava tocando e que a van nos buscaria em meia hora. Um banho rápido pra acordar e restaurar as energias e "show time". O local do evento era o salão de festas de um clube e o público presente parecia ansioso por ver o último show da noite. Começamos às duas da manhã, o que nunca é bom, pois banda e público já sem encontram cansados a essa hora. Mesmo assim foi um excelente show e curtimos muito cada minuto em cima daquele palco. Depois do show atendemos alguns fãs autografando CDs, camisetas e tirando fotos com os que ainda estavam por ali esperando pela oportunidade. Encontramos alguns amigos e amigas que sempre nos acompanham, conversamos um pouco e voltamos para o hotel pouco depois das cinco. A saída da van estava marcada para para as oito da manhã em ponto, pois meu vôo sairia de SP ao meio dia e cinquenta o que significava que eu deveria chegar ao aeroporto no máximo ao meio dia. A van saiu do hotel com alguns minutos de atraso e após uma certa tensão inicial no início da viagem (o motorista parecia com sono) tudo se ajeitou. Deixamos o Felipe em Jundiaí onze da manhã e apesar de meio apertado daria pra chegar em Guarulhos em uma hora. Chegando em SP uma surpresa desagradável: um PUTA trânsito absurdo na 9 de julho. Em PLENO DOMINGO!!! Sinceramente, adoro ir a SP. Passear e voltar. Como ter um mínimo de qualidade de vida morando num lugar que tem trânsito PARADO no domingo pela manhã? É demais pra mim... Na boa... Depois de manobras radicais, atalhos e a certeza de que eu teria que pegar um vôo mais tarde ou até no dia seguinte chegamos ao aeroporto ao meio dia e vinte e consegui fazer o check- in e embarcar. O vôo atrasou um pouco mas perto das três eu já estava de volta ao cerrado. Graças a Deus o fato de trabalhar com o que realmente gosto e de ter companheiros de banda divertidos e positivos faz com que esse tipo de loucura valha à pena. Que venham as próximas!
P.s Ainda no saguão de embarque de Guarulhos comecei a ler um livro que uma amiga me emprestou dizendo ter a certeza de que eu gostaria. A obra de Irvin D.Yalom, mesmo autor de Quando Nietzsche chorou (maravilhoso livro) chama-se A cura de Schopenhauer e gostei tanto que li 120 páginas de uma vez só. Começando em Guarulhos e terminando só quando já haviamos pousado em Brasília. Parece realmente excelente e trata dentre outros de dois assuntos que adoro: psicologia e filosofia. (Assim como o outro citado do mesmo autor.) Creio que não tardarei em termina-lo e quando isto ocorrer postarei aqui as minhas impressões.
Só pra fechar o assunto deste livro, lembrei de uma passagem contida nele que gostei:
"Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Gênio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não vêem."
P.s2 A Priscila provou ser uma mulher de palavra e não só foi ao show como levou o meu presente que havia prometido, o 1001 Livros para ler antes de morrer. Que coisa maravilhosa receber esse tipo de carinho. Muito obrigado mesmo Priscila, sem palavras para agadecer.
Momento besterou: como este livro possui quase 1000 páginas (ou seja, vale por uns três ou quatro livros normais), espero que o editor tenha tido a sacada de logo no início colocar ele mesmo como um dos 1001 livros pra ler antes de morrer. Afinal, já não é fácil ler 1001 livros em uma vida e se esse não é um deles pra que perder tempo lendo um livro de quase mil páginas? ok, ok, ok... Desculpem-me, é mais forte do que eu.
Junto com o presente uma linda dedicatória que vale à pena ser transcrita:
"Cada pessoa que passa na nossa vida passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa na nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque ela deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."
-Charles Chaplin
Continue sempre deixando um pouco de si para todos que o admiram!!
Princila
;)
E a prova do "crime":