3 de maio de 2010

Nova entrevista!!!

Confira aqui a minha entrevista no Guitar Tech.

Ou simplesmente leia aqui. rs...



1-) Recentemente o Khallice abriu para a lendária banda Guns n´Roses, conte um pouco para nós como foi essa abertura?



O Guns sempre foi uma banda que fez parte da minha vida como da vida da maioria das pessoas nascidas na década de 70, que por conseguencia, viveram sua adolescencia justamente no momento em que a banda se encontrava em seu auge de sucesso. O Khallice tem mais de uma década de existência e durante este período já dividimos palco com alguns grandes nomes da música mundial dentre eles Dr. Sin, Angra, Evergrey, Alanis, Simply Red e Dream Theater. Acredito piamente que os acontecimentos seguem um caminho, uma trilha e que se você consegue enxergar isso e se mantém firme em suas verdades e em sua busca coincidencias ou casualidades se tornam mais uma relação de causa e efeito do que qualquer outra coisa. O Netto (vocalista da banda) chegou a comentar comigo quando soubemos que teríamos GNR em Brasília o quanto ele gostaria de tocar neste show e na época lembro-me de ter pensado: Quem sabe... O fato é que algumas semanas antes do evento recebi um telefonema em minha escola. Não costumo atender a telefonemas enquanto estou dando aula mas o meu secretário me informou que era importante e que havia alguém querendo que nós abríssemos o show do Guns. Ainda meio incrédulo atendi ao fone e era um conhecido meu perguntando se tínhamos interesse em fazer a abertura. Eu respondi obviamente que sim e ele disse que faria a indicação já que havia sido sondado à respeito e disse ainda que em sua opinião a banda "certa" para tocar no evento éramos nós. Mais tarde ainda no mesmo dia recebi um email dele dizendo que havia enviado o nosso material e que agora dependia da produção do Guns aprovar a banda. As semanas passaram e como ninguém entrou em contato eu estava praticamente certo de que não aconteceria. Tive a impressão que como tocamos um Prog Metal até certo ponto bem diferente do som do Guns a produção poderia ter vetado a nossa participação. Guardei em segredo comigo a sondagem e foi muito difícil não compartilhar isso com os outros membros da banda, mas eu não queria causar uma ansiedade desnecessária. Exatamente dois dias antes do evento recebi um telefonema confirmando a nossa participação. Definimos os detalhes e fechamos o contrato.

O show em si foi maravilhoso. Já havíamos tocado pra públicos superiores a 20 mil pessoas em festivais como BMF e Porão do Rock, mas aquela estrutura de som palco e luz eram inéditas para nós. Coincidentemente eu já havia falado com o Bumblefoot (guitarrista do Guns) a quem já conhecia à uns dois anos mas há muito não tinha contato e ele foi à nossa passagem de som. Ficamos a tarde toda papeando, tocando guitarra e vendo o equipamento usado por eles no GNR. Entramos às 20:30 e tocamos por volta de 40 minutos. Fomos MUITO bem recebidos pela plateia que curtiu imensamente todas as músicas de nossa apresentação.Sem dúvida foi um momento muito especial para nós, tanto como músicos e artistas, como também como fãs da banda.


2-) Em termos de equipamento, o que anda usando ultimamente? Costuma variar muito de uma gravação para um show?

Uso bastante coisa, dependendo do som que vou fazer. Toco numa banda de pop/rock duas vezes por semana no mínimo aqui em Brasília.  Nela uso dois amplificadores: Um Mesa Boogie Mark V e um Orange Rocker 30. Com um A/B Box mando o som pra um ou pra outro. Para controlar as mudanças de canais dos amps e também para os efeitos uso um G-System da Tc Electronic. Este equipamento permite o uso combinado de pedais analógicos e uso basicamente Fulltones, MXRs e pedais da NIG. Os cabos são Santo Angelo, as guitarras Tagima MB-1 (meu modelo assinatura) e cordas 0.010 Elixir. Com o Almah e com o Khallice uso um full stack da Orange. A cabeça é um Thunderverb 200 e duas caixas 4 X 12, uma angulada e uma reta. Alguns pedais são adicionados ao loop de efeitos como delay e chorus. Dependendo da gig, tenho que optar por montar uma pedaleira, pois as vezes se torna inviável levar de avião todo este equipamento, mas em Brasília e nas redondezas, não abro mão do meu setup.


3-) Muito conhecido por ser proprietário e professor do Instituto GTR, como a tarefa de educador musical o ajudou no seu próprio desenvolvimento musical?

Acredito que ensinar é uma das melhores formas de aprender, obviamente, quando se leva a sério os processos tanto de aprendizado quanto de ensino. Primeiramente, o fato de ter que ter um certo domínio sobre o material a ser ensinado nos impõe a responsabilidade de estuda-lo com afinco premeditadamente. Além disso,  termos sempre contato com a matéria em sala de aula, faz com que uma grande variedade de assuntos estejam sempre frescos em nossa memória, ressalto ainda, o que pra mim é o lado mais mágico do ensino. As minhas aulas são dadas individualmente, para que eu possa assim personalizar cada aula às necessidades do aluno. Cada aluno, com suas limitações e faculdades entende e enxerga o mesmo assunto de uma maneira diferente. Essa pluralidade é simplesmente algo maravilhoso e nunca deixa de me surpreender. Não pretendo parar de ensinar nunca.
 

4-) Podemos ver claramente em seu modelo signature Tagima MB1 um 'mix' entre os modelos Stratocaster e Telecaster, qual foi a razão dessa fusão e quais os benefícios que ela trás em termos de sonoridade e tocabilidade?

Eu sempre achei a Telecaster uma guitarra linda e muito subvalorizada. Normalmente se fala em Stratos e Les Pauls mas a Tele muitas vezes fica em um segundo plano. Talvez pela minha grande admiração pelos guitarristas de Country e Funk sempre tive um carinho especial por este modelo. Tenho umas três ou quatro aqui e me sinto muito bem ao toca-las. Por outro lado, o meu estilo de fraseado sempre exigiu que eu usasse guitarras com uma ação baixa, 24 trastes, fácil acesso às últimas casas, Floyd Rose e uma boa variedade de timbres. Neste caso, as Stratos, assim como as guitarras modernas oriundas deste modelo sempre mataram a pau. Sem dúvida a MB-1 é um mix entre essas qualidades. O shape é de uma Tele, mas a configuração é de uma guitarra moderna. Desta forma chegamos à uma guitarra esteticamente muito bonita (em minha opinião), com um braço confortável e uma boa variedade de timbres. Sem dúvida, é uma guitarra excepcional.

 
5-) Analisando as bandas de hoje, e o fenômeno da Internet, o que você acha dessa avalanche de bandas que temos hoje em dia, e em quais termos a internet ajuda e atrapalha esses novos talentos?

Sem dúvida a internet modificou o mercado musical. Acho que sempre tivemos muitas bandas, mas agora com um clique podemos ter acesso a elas, o que é uma coisa muito boa e muito ruim. Boa pelo fato de ter de certa forma democratizado o mercado. O lado negativo é que em alguns casos as coisas são tão ruins, tão toscas que este acaba sendo o motivo pelo qual elas fazem sucesso. É um paradoxo mas acontece muito, principalmente na net.

6-) Conte um pouco sobre o seu início na música e quais foram suas primeiras bandas e influências?

Acho que meu início não se difere muito da maioria dos músicos. Comecei com aproximadamente 12 ou 13 anos motivado por amigos que queriam formar uma banda e pela explosão do Rock Brasil que na época estava em voga. Na sequência veio o Rock in Rio II que me apresentou uma série de bandas que eu passaria a acompanhar à partir de então. Com 16, 17 anos eu já tinha certeza do que queria para a minha vida, só não sabia direito ainda como faria. Como todos sabem, viver de música não é algo tão simples e eu, como primeiro e único músico de minha família, teria ainda que enfrentar o medo e o preconceito dos meus parentes também. Tive muitas bandas no começo de minha carreira. Encontrava semanalmente com os amigos para tocar músicas que nós gostávamos ou para compor mas acredito que o primeiro trabalho importante, em termos de banda, foi com o Khallice. A banda começou quando eu ainda tinha 18 anos mas demos início às composições alguns anos depois. Minhas influências como guitarrista foram inúmeras. Dependendo da época os mestres mudavam e até hoje adoro conhecer o trabalho de músicos ousados e inventivos. Para citar alguns posso citar Satriani, Malmsteen, Kotzen. Greg Howe, Steve Vai, Nuno e Frank Gambale.

7-) Vemos em suas músicas seja no Almah, Khallice ou em outros projetos, um técnica incrível e muito bem apurada de sua parte, Quais técnicas você costuma dar prioridade e quais são os pontos a serem ressaltados na hora de construir um bom solo?

Muito obrigado pelo elogio. Eu realmente procuro ver a técnica como um meio e não como o fim. O fim é fazer música boa, é tocar algo bonito ou instigante. Costumo pesquisar técnicas que me abram possibilidades sonoras, que me ajudem a expressar de maneira singular a minha música. Se soa bonito e diferente eu estudo...rs Além das técnicas tradicionais de guitarra, estou muito ligado há alguns anos a técnicas menos usuais como tapping (usando 3 dedos da mão direita), palhetada híbrida e hammers-from-nowhere. Quando construo um solo, jamais penso na técnica que será usada. Penso na melodia, no clima, nas notas, em tudo. A técnica para executa-lo vem por último. Tudo que é feito no sentido oposto disso na minha opinião não tem valor artístico, porque vem de fora pra dentro e sendo assim não pode ser considerado expressão. Adoro guitarristas técnicos e vou estudar técnica todos os dias pelo resto da minha vida mas com um pouco de atenção e bom senso fica fácil perceber quem está fazendo música e quem está mexendo os dedos rapidamente. É uma pena que tantos garotos estejam tão ligados à técnica pela técnica que acabam esquecendo qual a verdadeira função da música, dos músicos e dos artistas de maneira geral neste mundo.

8-)O que anda ouvindo e estudando ultimamente?

Ouço muita coisa e tento semanalmente mudar o meu playlist. Existe o material que ouço como entretenimento, como passatempo e o material que além de ser uma curtição é também material de pesquisa. Gosto de música trabalhada, intelectual, mas curto também um som mais direto. Tudo depende do clima que você está e do que você está fazendo naquele momento.  Tenho escutado bastante o Dirt do Alice in Chains, o Black Utopia do Derek Sherenian e o Sound Proof do Greg Howe. Não tenho estudado nada exatamente novo a não ser piano, que comecei a pegar aulas há alguns meses. Tenho composto bastante para os meus projetos e também tentado incorporar ao meu playing de forma mais natural alguns elementos que eu ainda preciso pensar para usar. Gosto quando a coisa fica tão natural que quando você vê já fez e isso às vezes leva tempo.


9-) Marcelo, agradecemos muito a sua presença aqui no Guitar Tech, gostaríamos que deixasse uma mensagem para os leitores, e para o pessoal que está dando seus primeiros passos no munido da música.

É um prazer poder dividir um pouco da minha história e experiência com vocês, não precisa agradecer. Quero agradecer às pessoas que curtem o meu trabalho pelo apoio e por todo o carinho, isto é algo realmente motivador. Para os músicos que estão iniciando tenho duas coisas a dizer: Nunca esqueça o motivo inicial que te fez querer ser músico. Aconteça o que acontecer mantenha-se sempre perto dele. Ele vai te servir como norte em futuras decisões que você precisará tomar. E a segunda: se você tem dúvida quanto a ser ou não ser músico mantenha a música como hobby e escolha outra carreira profissional. Quando é pra ser a gente tem certeza.

Abraços a todos!
 

4 comentários:

Varotto disse...

Ahh, moleque!!

Varotto disse...

Ah! E lembre-se de que no primeiro Rock in Rio, você só tinha uns dez anos... (você é de '75, certo?)

Marcelo Barbosa disse...

RSrsrRsRSrS! Vc sempre me corrige e sempre continuo me enganando. Quis dizer Rock in Rio II. Aí dá certo com a história né?

rs

Varotto disse...

Isso! Rock in Rio II foi em '91...

 
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