22 de agosto de 2011

João

Hoje de manhã recebi uma música que me fez lembrar dessa daqui, do Marcelão e sua extinta Alma D'Jem.

Sempre achei essa letra maneríssima (galera do metal, sem me matar, ok? rs):



Que me fez lembrar o quão fiquei impressionado com a oratória e capacidade de argumentação desse cidadão há algum tempo. (Quem sabe ele não é o tal "João" que na verdade não morreu. Ou mais um, entre tantos Joãos...)

11 comentários:

MarleyFerreira disse...

Poxa que sonzera a banda heinm, não só a letra muito bem sacada, mas a produção,a voz,a melodia e os arranjos (galera do metal, sem me matar, ok? rs)[2].
E a retórica do amigo então nem se fala. A verdade que não vem pela teoria acadêmica nem a aristocracia social, e sim pela vontade de viver, como um ser humano deveria viver, mesmo com tudo contra!

Marcelo Barbosa disse...

É isso aí Marley. Puta mensagem em ambos os casos.
A gente tem que ajudar a divulgar essas coisas né? Quem sabe um dia essa merda toda muda...

MarleyFerreira disse...

Com certeza Marcelo, a gente tem que mostrar isso de todas formas possíveis! Nós que temos a arte como aliada podemos e devemos usa-la pra amplificar essa voz até que ela se torne ensurdecedora. Temos de acreditar nisso até o fim, porque se não acreditarmos quem vai ne?
Temos que deixar a acomodação e incomodar mais quem passa a vida nos incomodando!!! \m/

Suzane Lima disse...

Eu não sei. Todos nós temos esperança de que isso tudo um dia mude e ficamos nisso, na esperança, e como espectadores não somos mudos, mas também não somos ouvidos. Nós sabemos quais são os nossos problemas, mas não sabemos quais são as soluções. Votar conscientemente, por exemplo, é uma solução, mas não temos boas opções, há até quem não tenha nenhuma, ou pensamos que sabemos qual é a boa opção estando enganados, e por isso votar conscientemente nem sempre ajuda. Nós não sabemos como uma lei é feita e nem sabemos o que é constitucional ou inconstitucional. Sabemos o que é bom ou mal, certo e errado e por isso não estamos conformados, mas não temos base teórica para lutar por algo dentro da lei. Quando fala-se em manifestação na TV, mal sabemos o motivo da manifestação porque eles só mostram as pessoas apanhando, sendo presas, morrendo. A TV, que as pessoas compram por conta própria e colocam várias espalhadas pela casa, ligadas a antenas, é nossa pior inimiga. Ela nos põe medo sem que a gente perceba, pois, ou seus donos são subordinados aos nossos líderes ou são os nossos próprios líderes os donos dela. Hoje não há quase repressão, pelo menos não tanto como antes, porque ela foi substituída pela manipulação. Muita gente discorda do que esse cara falou porque o que não falta por aí é pobre honesto que não recorre ao roubo ou ao tráfico para sobreviver ( e eu sou um deles, rs). Você vê, os próprios pobres ficam ofendidos, e não percebem que estão certos em serem honestos, mas estão errados em se deixarem ser escravizados. Quantas vezes já ouvi aquele: “orgulho de ser pobre”
É por isso que nossa educação é tão fraca. Não deveríamos perceber que o sofrimento de toda uma população decorre do prazer pelo poder de um grupo de elite. Do contrário, ao invés disso queremos ser a elite, e nos matamos para pagar em 10 vezes um relógio caro, um tênis, uma roupa, um óculos, uma bolsa, um sapato de marca. E para quê? Para parecer com pessoas de quem deveríamos nos envergonhar e com quem deveríamos lutar.
Não podemos ser educados também para não sabermos nos organizar. Quantas pessoas esclarecidas sobre tudo isso nós vemos e que não sabem se organizar. Entram na faculdade, fumam maconha, colocam uma roupa de hippie, lavam a bandeira do Brasil num espelho d’água na Esplanada, gritam em um alto falante para pessoas que já pensam como elas, mas não souberam se organizar para fazer pelo menos UMA coisa que será útil. Aparecer na TV apanhando já o suficiente para eles, porque acham que terão alguma coisa para mostrar aos netos de que vão se orgulhar. Depois se formam, tem que começar a trabalhar e se dispersam. E o que fizeram? “Muito barulho por nada”!
Nós ficamos sabendo superficialmente da sujeira da politicagem e botamos toda a culpa nos políticos. Mas não nos damos conta de que somos violentos no trânsito, de que furamos fila, compramos produtos pirata, compramos drogas ilícitas que sustentam o tráfico e incentivam a violência, não fazemos objeção contra o consumo de carne que destrói nosso ecossistema porque sentimos prazer em comer carne... A mudança tem que ser primeiramente interior. Como podemos exigir honestidade se não somos capazes de praticá-la?
Estudei sempre em escola pública e depois entrei numa universidade pública. Nem na escola, nem na universidade tinha ouvido falar em uma coisa que se chama Lei de iniciativa popular, que é a única maneira realmente eficaz de conseguirmos alguma coisa legalmente, como foi o caso da lei da ficha limpa.
Vc entende, como o buraco é mais embaixo?
Coincidentemente eu vi um filme hoje do Chaplin, que tem esse discurso, dá uma olhada: http://www.youtube.com/watch?v=FPzgq8sNbMI&feature=player_embedded
Desculpe ter escrito tanto, mas é que o filme me empolgou, rs.
Enfim, o que nos falta não é nem tanto esclarecimento sobre o que há, mas esclarecimento sobre como mudar.
:\

Marcelo Barbosa disse...

Belíssimo texto Suzane. Já sabia que és uma menina inteligente. Claro que, como cada cabeça é um mundo, não concordo com td, mas em suma pensamos as mesmas coisas. Realmente não sei como parar de comer carne vai melhorar o mundo, até pq tem gente que defende tão "cientificamente" quanto os vegetarianos a ingestão da mesma. Mas voltando para o ponto em questão, não tenho uma visão tão pessimista. Acho que já foi pior e acho que td faz parte de um processo. Se hj temos ciência do problema mas não de como soluciona-lo por completo, um dia não víamos o problema tão claramente. Outra coisa é a questão do capitalismo que vc citou. Existem países que tb são capitalistas e as pessoas consomem, mas que não há a miséria que há aqui. Mais uma vez a questão não é apenas uma. Tipo, vamos parar de consumir, de querer ter um Ipad ou coisa parecida. O grande problema é cultural msm. Os políticos nada mais são do que uma representação do que é o seu povo. E como vc mesma disse, somos, em grande parte desonestos.
Bom, televisão eu risquei da minhalista há mais de 10 anos. Não assisto nunca, a não ser a filmes que eu mesmo compro ou alugo. Furar fila e afins tb não costumo fazer. O que acho que cada um que tem consciencia pode fazer é dar exemplo e influenciar positivamente o seu micro-cosmo. E é o que eu tento fazer, no que sou capaz. Até pq apesar de me sensibilizar com a condição dos que não têm o mínimo de dignidade, não cabe a mim sozinho solucionar o problema. Supostamente, tem gente sendo paga (e muito bem paga) para faze-lo. Se os maiores interessados cobrassem resultados já seria uma grande mudança.

Suzane Lima disse...

Concordo com você. A questão é exatamente essa, fazer o que achamos que cabe a nós fazer já é uma grande diferença. Há pessoas que podem e querem fazer muito mais do que nós e nem por isso somos obrigados a sermos como elas, pois essa não é só uma questão de disposição, mas é um dom também.
(Eu falei “nós”, de uma maneira geral, pra tentar acabar com minha mania de colocar a responsabilidade nos outros, não me referia exatamente a vc, nem mesmo a mim em específico, hehehe.)
De qualquer maneira, repito, concordo com você. O Brasil é um país ainda “novo”, que há pouco conquistou sua “independência”, não é de se esperar que ele seja tão desenvolvido como países europeus, que, aliás, nos devem muito de sua civilidade e riquezas.
A questão não é o capitalismo. Eu mesma tô louca por um Ipad, não porque preciso de um, mas por pura curiosidade tecnológica (ou impulso consumista, como queiram chamar). A questão é pensar que um Ipad vai me fazer uma pessoa melhor do que uma pessoa que não tenha.
As pessoas são diferentes e tem gostos e prazeres diferentes, é óbvio. Não é o ismo que atribuem a mim e a você (como exemplo, novamente) que nos vão fazer pessoas melhores ou piores, mas tão somente nossos próprios atos e caráter.
Na verdade não me acho pessimista (e nenhum pessimista se acha pessimista, mas realista, rs). Estou querendo dizer que precisamos de esclarecimento e de ação se realmente quisermos mudanças. Que foram pessoas esclarecidas e ativas que nos trouxeram mudanças e cabe a nós fazer nossa parte. Seja nossa parte uma gota ou um rio.
Eu fico feliz em ver pessoas como você, que fazem sua parte. É por aí mesmo.
Me refiro mais a quem só reclama e é inativo. Nem tanto porque não queira agir, mas porque tem medo ou não sabe como agir. E não é só a quem reclama do país e do mundo, mas a quem reclama da própria vida também.
De que adianta reclamar da vida e do mundo no facebook, por exemplo? Não que isso não seja válido, é bom desabafar, discutir sobre... mas há quem faça só isso e parou por aí. Esquece imediatamente de uma polêmica, quando outra aparece.
Eu não sei como agir ainda, como cidadã, por exemplo, não sei qual a minha parte e qual a parte dos outros, não tive aulas sobre isso e nem li sobre. Mas se isso me interessa posso ir atrás de saber. Entende? A gente vai fazendo nossa parte, tentando ajudar e esclarecer nossos amigos e parentes (como vc faz e as redes sociais ajudam e muito). A gente chega lá. “Ainda havemos de ver uma aurora nascer num mundo em harmonia”. ;)
Xi... a questão da carne é uma daquelas coisas também sobre as quais não fomos esclarecidos. É muito mais do que a morte de um boi ou de fazer mal à saúde se consumida em excesso. Se vc tiver tempo dá uma olhada nesse documentário, pelo menos na primeira parte (link), que mostra qual é o outro ponto principal e nada divulgado: http://www.youtube.com/watch?v=IKIBmppiIvM
Esse documentário eu recomendo porque não é um daqueles que nos mostram cenas bárbaras e tentam nos cativar por compaixão ( nós não somos compassivos assim... hehehe).
Não custa refletir e entender, nem por isso somos obrigados a mudar nossos hábitos se não nos dermos por convencidos.
:)

Suzane Lima disse...

Ai, falei "pessoas" demais, que agonia.hehehe
Só retificando, é a primeira e a segunda parte do documentário no youtube que fala mais ao nosso lado racional, só depois eles chegam ao nosso lado egoísta (danos a nossa saúde) e ao nosso lado compassivo.

MarleyFerreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MarleyFerreira disse...
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MarleyFerreira disse...

Puxa muito bacana falar desse assunto no nível que ele merece.
Muito bom tudo que você falou Suzane, e assim como o Marcelo disse, concordo com você, mesmo que não 100%, mas seu pensamento coincide com as coisas que pessoas como nós (generalizando dentro da limitação XD) acreditamos.
Realmente o capitalismo é uma entidade impiedosa, mas o fato de ter, ou querer ter, mesmo que não se precise, por si só não constitui um desprezo ao ser humano socialmente falando. Eu costumo dizer que "é melhor ser o mais comunista dos capitalistas que o mais capitalista dos comunistas!" xD
O câncer que nos destrói é um sistema político que criou seu próprio moto perpétuo.A TV é a voz de comando que ensina as pessoas como viverem como serviçais, se não funcionais, intelectuais, ou mesmos ambos. Como o Marcelo falou,a questão cultural pesa muito, porque pra maioria de nós (população em geral) tudo que não é de comer, beber e vestir é superflúo, e depois disso, como diria Tom Jobim, o pobre precisa de uma pouco de ilusão pra achar que é feliz. É por causa disso que a política do pão e circo sempre funcionou, e como a Suzane falou, por questão cultural nossa sociedade costuma criticar os políticos, mas pratica corrupção em muitos níveis. Muitos daqueles que reclamam fariam o mesmo que os políticos diante da oportunidade!
Qual a maior arma contra esse câncer? A opinião pública!!! Nem um rei absolutista, nem um ditador, nem um governo militar podem resistir á milhões de vozes "violentamente pacíficas". Como a Suzane bem falou, o barulho dessas vozes deve exceder os decibéis, porque volume e quantidade de gritaria não validam ideais, e sim caráter, coragem e honestidade.
Eis o "X" da questão, a politicagem ao invés de ser confrontada, é estabelecida pela opinião pública, além da falta de opção na hora de votar, as pessoas optam antes ainda por não pensar no destino do voto.
Junto com o Marcelo, creio que já foi pior, mas ainda falta muito...
Eu creio,que não vamos erradicar o mal, porque acredito que ele é inato ao ser humano, mas vamos parar de alimenta-lo, e contribuírmos pra que o pensamento voe livre pra quem tiver olhos, ouvidos, consciência.

ps: por algum motivo os posts anteriores ficaram cheios de caracteres estranhos, então os removi, sorry ;)

Gard disse...

Raramente comento em blogs, mas não poderia deixar de comentar por dois motivos: primeiro, pela lembrança da querida Alma D'Jem, que deixou imensa saudade; segundo, pelos comentários, especialmente o da Suzane, que me impressionou ao tão bem expor a necessidade de mudança. Se a sociedade tivesse 10% da sua consciência, certamente estaríamos em uma situação bem melhor. Afinal não basta participar. É preciso se comprometer. E isso você mostrou que sabe fazer, Suzane. E a verdadeira política somos nós quem fazemos, aqui fora. Parabéns! Bjs a todos!

 
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