Sei que tenho andado meio relapso com relação à este espaço aqui. Principalmente no que concerne à textos grandes e de cunho pessoal. O fato é que, como já devo ter mencionado, em alguns momentos eu precisaria de alguns clones pra manter todas as frentes em dia, eu acabo tendo que escolher aquelas que, naquele momento, me parecem mais urgentes. Acho que o show de abertura para o Iron Maiden assim como a minha segunda vinda aos EUA em 2011 merecem serem postadas por aqui. Na verdade, a vinda para a NAMM em janeiro/fevereiro também merece. Em breve tentarei lembrar dos detalhes e relatar essa experiência também a quem possa interessar.
Khallice / Iron Maiden
Como de costume, os convites para esses shows de abertura sempre ocorrem meio que em cima da hora. Recebemos o telefonema faltando uma semana para o evento, e comparado à algumas outras experiências até que tivemos um certo tempo para fazer os devidos preparativos. O interessante é que algumas semanas antes uma amiga havia me perguntado se iríamos tocar no show do Iron e eu havia respondido que acreditava que não, já que ninguém havia entrado em contato nem pra sondar a possibilidade. Enfim, quando tudo se confirmou foi necessário acertar toda parte de pré produção, contactar técnicos de PA, monitor, luz, roadies, envio de especificações técnicas, definição de repertório, acerto de cachê etc, etc, etc, além do agendamento de uma maratona de ensaios. Como todos da banda temos muitos afazeres, é sempre uma certa dificuldade encontrar horários compatíveis com os cinco músicos e por isso pintam uns ensaios bizarros do tipo: domingo de 9:30 às 13. Ou segunda das 21:30 às 00:00. O fato é que já foi bem pior. Hoje, tenho uma sala de ensaio no GTR que utilizo para ensaiar os meus trabalhos. Lembro-me que na minha adolescencia, precisávamos sempre alugar uma sala de ensaio para tal fim. Ou seja, além de conciliar os horários dos músicos, era necessário que isso batesse com os horários que os estúdios tinham disponíveis. Àquela época, em Brasília, haviam poucos espaços para este fim e por isso, muitas vezes tive que ensaiar em horários de madrugada, como das 2 as 5 da manhã. Por este motivo, é melhor não reclamar, até porque o motivo dos ensaios valia e muito à pena.
Normalmente, num dia de um show como este, precisamos ficar o dia inteiro por conta. Primeiro porque os preparativos são muitos. É bastante equipamento pra transportar, montar e conferir. Hoje em dia acontece uma coisa engraçada. Apesar da preocupação para que tudo dê certo, não fico ansioso ou nervoso até mais ou menos uma hora antes do show. Até este momento, mesmo em uma apresentação deste porte, não sofro nenhum tipo de pressão psicológica consciente. Se ela existe, não percebo. Começa um pouquinho de ansiedade nos últimos minutos antes de entrar no palco.
Outra coisa interessante, é que já toquei no mesmo palco que inúmeras bandas do mainstream nacional, mas o melhor tratamento que recebemos sempre é das bandas gringas, infinitamente maiores que as nacionais. Com o Iron não foi diferente: camarim bem instalado, bebidas e comida à vontade e uma passagem de som decente, dentro das possibilidades. O padrão de qualidade gringo é realmente outro.
Chegamos ao local do evento para passagem de som e montagem no horário combinado: 15 horas. Como de costume, a passagem do Iron demorou mais do que o previsto o que atrasou a nossa em quase duas horas. Durante este tempo ficamos em nosso camarim papeando.
Para este show eu resolvi experimentar um setup diferente do que uso normalmente. Meu Orange Rockverb de 100 Watts, ligado em duas caixas 4 X 12, também Orange, e um set de pedais analógicos de altíssima qualidade. O som ficou absurdo e isso me leva ao segundo motivo do post, que será explicado depois. (minha vinda pros EUA). O único porém deste set de pedais, é que realmente desacostumei com o famoso "sapateado". Na balada Reasons, do nosso segundo CD por exemplo, durante a estrofe eu uso uma combinação de canal A do Orange, Compressor, Chorus e Delay, para o som limpo. Na sequencia entra o refrão que é o Canal B do amp sem nenhum desses pedais ligados. São quatro pisadas para uma única mudança de timbre. Sinceramente, a vida é muito curta pra eu gastar parte dela para pisando em mil pedais podendo faze-lo apenas uma vez. Além disso, optei por usar o meu pouquíssimo exigido transmissor sem fio. Como em 90% dos casos tocamos em palcos de pequeno e médio porte, para mim não faz sentido usá-lo sempre. Já no caso de um palco grande ele é muito útil, pois além de dar mobilidade por todo o palco, evida que os cabos se cruzem, caso você resolva "visitar" algum outro músico do outro lado do palco.
Como de costume, a nossa passagem de som foi rápida mas bem eficiente. Contamos com uma equipe técnica bastante competente e experiente e isso facilita muito as coisas em momentos como estes. O som no palco estava confortável e agora só faltava esperar a hora do show.
Precisei sair do local do evento para correr em casa para tomar um banho e trocar de roupa. Como terminamos a passagem de som quase 18 e nosso show estava marcado para 19:30 o prazo não seria problema. Aproveitei para conferir se a panfletagem do GTR que organizei do lado de fora do evento estava acontecendo de maneira apropriada, poois tratava-se também de uma boa oportunidade de divulgar a escola.
Cheguei de volta ai camarim às 19 em ponto e lá fiquei com os outros integrantes da banda conversando e tocando um pouco de guitarra para aquecer os dedos. Essa é a hora que normalmente bate um pouco de ansiedade. Acho que é aquela preocupação para que tudo dê certo.
Entramos no palco faltando 5 minutos para as 20 e tocamos pouco mais de meia hora de show. Optamos por um repertório de seis músicas mais baseado no CD Inside Your Head que é o mais atual. Foi uma grande curtição. O público nos recebeu muito bem e estou certo de que fizemos à altura do evento. O interessante é que nessas horas o tempo passa que você nem sente. A noção de tempo vai pro espaço e tudo parece passar em um piscar de olhos. Outro fato curioso é que durante a nossa apresentação, o guitarrista Adrian Smith, do Iron Maiden, se aproximou do meu técnico de guitarra para elogiar o meu som e perguntar que equipamentos eu estava usando. Mais engraçado ainda é que, segundo o Bruno, ele se referiu a mim como "that Kid" (aquele garoto).....kkkkkkkk Me senti bem, afinal, exatamente hoje completo 36 anos de idade. Se ainda tô passando por garoto tá tudo certo. Por outro lado, pode ser apenas uma questão de referência, levando em consideração o nobríssimo autor da frase.
Quando tudo passou eu estava tão esgotado que não consegui ver o show do Maiden inteiro. Devo ter visto uma hora e pouco do show e voltei pra casa onde praticamente desmaiei. No dia seguinte, como de costume, amanheci gripado. Essa é praticamente uma regra em minha vida: sempre que tenho algum evento ou projeto importante a realizar, após findado o mesmo, adoeço. É como se nos dias anteriores eu gastasse toda a energia com os preparativos e quando relaxasse o corpo exigisse na marra algum descanso. Normal, nem me preocupo mais, sempre foi assim.
Agradeço o apoio de todos e a energia positiva do público lá presente. Sempre um prazer tocar em Brasília, ainda mais com o Khallice, banda candanga que há tantos anos vem escrevendo a sua história junto com a da cidade.
CONTINUA...
7 de abril de 2011
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